Filme Extraordinário



O filme norte-americano de 2017, extraordinário, foi dirigido por Stephen Chbosky, é baseado em fatos reais e conta a história do menino Auggie Pullman, que é uma criança com deficiência física , pois nasceu com a síndrome de Treacher Collins, que causa deformidade facial. Ele já passou por 27 cirurgias que ajudaram a respirar, a enxergar, a ouvir sem aparelho auditivo e a ter uma aparência melhor, porém, mesmo com todas essas cirurgias ele não se acha um garoto comum. Desde pequeno, o menino sempre estudou em casa com sua mãe, até o 4° ano, mas quando ele faz 10 anos, os pais decidem matriculá-lo na escola para fazer o 5° ano do ensino fundamental 2 e o garoto fica apavorado devido à deficiência. A fase de adaptação na escola, se torna mais desafiadora, pois, ele é discriminado pela aparência. 

Auggie foi criado rodeado de amor, é um garoto muito inteligente que é fascinado pelos filmes do Star Wars e pelo espaço, e sonha em ser astronauta. Sua mãe tentava prepará-lo para lidar com o bullying na escola, lhe dando uns conselhos e trabalhando a autoestima do garoto pois ele gostava de se esconder, usando um capacete de astronauta devido a ter uma fisionomia diferente. Ao chegar na escola com a família, August é encarado com desconfiança e desprezo pelos demais alunos, que faziam comentários desagradáveis e piadas sobre sua aparência. 



Isabel Pullman, sua mãe, sempre encorajava ao garoto, e dizia que quando os outros agem de forma mesquinha, ele pode ser a pessoa superior e reagir com dignidade. Desde cedo ela o ensina a usar seu imaginário e por ser desenhista, ela cria um universo em torno do seu filho e desenha estrelas na parede do seu quarto. 




Na escola toda vez que os colegas fazem comentários maldosos e olha August de forma estranha ele lembra do que sua mãe falou: “se você não gosta do lugar onde está, apenas Imagine onde quer estar.” Dessa forma, ele encara a discriminação para assistir à aula da sua matéria favorita ciências, e vence o clima chato que fica nos corredores, focando-se no que ele mais sonha (ser astronauta). 

Ao retornar da escola, Auggie aos prantos desabafa com a mãe, porque os garotos tinham feito comentários sobre a deformidade do seu rosto. Isabel mostra a ele seu rosto para que o menino veja suas rugas, e disse que assim como as cicatrizes dele, as rugas também contam as histórias do que foi vivido até ali, porém, são os sentimentos que vão ditar o futuro de cada um. ela disse: “O coração é um mapa que nos mostra onde vamos, o rosto é o mapa que mostra onde estivemos”, e isso sim é um fator determinante na vida. 

A irmã mais velha do garoto, após o nascimento dele, ficou um pouco deixada de lado pelos pais, mas isso não a impede de amá-lo e protegê-lo como sempre fez. Via Pullman, sua irmã o ensina a não se diminuir diante do olhar de nenhuma pessoa ela diz a ele: “ se eles olharem, deixa que olhem. Você não pode se misturar quando nasceu para ser notado”. 

Na escola Auggie e sua turma estão estudando sobre preceitos que refletem sobre a citação: “seus feitos são seus monumentos”. Essa citação significa que, o que fazemos vai dizer quem somos e isso é o que realmente importa, é aquilo que fazemos pelo próximo que pode transformar o mundo e não o que dizemos ou pensamos. August fica separado dos colegas e sofre bullying de Julian. Contudo, na prova de ciências, o protagonista ao perceber que o colega Jack Will está com dificuldade para responder, ele resolve passar a resposta. Daí se nasce uma amizade, porém, algum tempo depois, ele vê Jack Will falando coisas maldosas dele com o restante da turma, e fica sozinho novamente, pois ele pensou que Jack fingiu ser seu amigo. 

Do ponto de vista de Jack, podemos perceber que ele só fez piada de August, porque ele também sofre discriminação por ter menos dinheiro que os colegas e que estava tentando se "enturmar" quando fez piadas sobre o garoto novo. 

Auggie só passa a não estar mais solitário, quando a menina Summer em um lindo gesto de empatia, o vê sozinho almoçando e se senta na mesma mesa que ele, o garoto chega a pensar que ela fez isso por pena, então pede para ela sair, mas ela ao se apresentar para ele, diz que também precisa de amigos legais. 

Verdadeiramente Jack gostaria de ser amigo de August, ele tentou por várias vezes, no entanto por estar magoado, Auggie recusava se aproximar, foi quando durante um trabalho de ciências, os dois foram escolhidos para formar uma dupla e Julian, mais uma vez, humilha Auggie com ofensas, e é nesse momento que Jack Will defende o amigo, e se coloca na frente de Julian e os dois acabam brigando. Após a briga, Jack resolve se desculpar com o diretor, através de uma carta e o diretor diz que entende o lado de Jack, ele fala que “bons amigos merecem ser defendidos”. Auggie fica emocionado, pois pela primeira vez alguém o defendeu na escola, e percebe que às vezes os amigos também podem errar, então decide

perdoar o amigo, pois com essa atitude ele provou ser um amigo verdadeiro. Ao passar o episódio os dois se dedicam ao trabalho de ciências. 

No concurso de ciências, Jack e August criam um sistema de projeção de imagens, e impressionam a todos, com isso ganham o primeiro lugar no concurso. A partir disso, as crianças gradativamente percebem que o protagonista, é um menino criativo, divertido, inteligente e com tempo se aproximam mais do garoto, e a sua mesa no almoço vai ficando a cada dia mais cheia de colegas e eles se divertem juntos. 

No verão, Auggie aprende a se defender com o apoio da turma, após ser ameaçado por garotos maiores, no campo de férias. Então o menino vai mostrando a todos que ele é muito mais que a sua aparência e as pessoas passam a perceber isso. 

Os pais de Julian são chamados na escola, e defendem o filho dizendo que o rosto do menino é assustador, e que Julian tinha direito a sua liberdade de expressão. Ao ouvir isso, o diretor responde: “ Auggie não pode mudar a imagem dele, mas nós podemos mudar o nosso jeito de olhar para ele”. 

Ao final do ano letivo, a escola promove um evento para entregar os diplomas. Em casa, antes de sair, Auggie agradece aos seus pais que o apoiaram e incentivaram a enfrentar os riscos e se enturmar com as outras crianças. Na cerimônia de entrega do diploma, ele ganha uma medalha de honra, pela “força silenciosa que conquistou muitos corações”, no caminho para subir ao palco ele reflete, e chega a conclusão que todas as pessoas são únicas, e todos possuem problemas e desafios para enfrentar. Por fim o garoto conclui com uma reflexão: “para saber quem as pessoas são mesmo, apenas é preciso olhar com atenção!”. 


Comentário Critíco:


A fala do diretor deveria chegar a toda sociedade, para podermos entender que, não é a pessoa que é diferente que deve mudar, mas sim a sociedade que deve respeitar e aceitar a diversidade e as especificidades de cada pessoa, pois ninguém é perfeito. 

Lançando mão do texto sobre “ Terminologia sobre deficiência na era da inclusão” de Sassaki (2003), obtivemos o conhecimento mais amplo sobre deficiência física que consiste na “alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano” e nesse aspecto inclui os membros do corpo com deformidade congênita ou adquirida ( BRASIL ,2004).

Destarte, escolhemos o longa - metragem “Extraordinário” que apresenta uma criança com deformidade congênita e que nos leva a refletir sobre a inclusão, a aceitação em diferentes espaços. Pensar na inclusão nos remeteu ao poema de George Herbert "o elixir": 


(...)Um homem observa a janela 

Seu olhar ali pode repousar; 

Ou, se preferir passar, através dela 

E daí o céu espiar 

Com isso, pode-se fazer uma analogia com a inclusão. vejamos: podemos olhar para o mundo como ele de fato é: com pessoas que excluí pelas especificidades do outro, pessoas que pensam apenas na igualdade e não na equidade e simplesmente se conformar com isso. Ou, se preferirmos, podemos apreciar o mundo com um olhar diferente, através da busca pelo conhecimento e a conscientização da inclusão, pois, desta forma conseguiremos no mínimo mudar a nossa visão de mundo. 

Esse filme é bastante interessante, pois conta uma história emocionante e linda. Além disso, transmite uma mensagem que nos faz refletir sobre as nossas atitudes, e induz as pessoas a mudarem a forma que olham para o mundo e a forma que agem com o próximo. Portanto, não se deve excluir as pessoas por serem “diferentes” ou por ser uma pessoa com deficiência, se deve de fato incluí-las, independente do ambiente ao qual esteja, sobretudo, no ambiente escolar, que é o espaço da diferença e de múltiplas culturas. 

O enredo do filme, também ensina a termos empatia e a não julgar alguém pela aparência, pois a essência de cada pessoa é o que importa. Indicamos esse filme para pais, professores e todos que desejam aprender sobre empatia, inclusão e educação. 

Referências: 

BRASIL. Decreto nº 5.296, 2/12/04, arts. 5º e 70 ( Lei da Acessibilidade). 2004. 

HERBERT, George. O elixir. Disponível em: https://www.poetryfoundation.org/poems/44362/the-elixir Acesso em: 14 de Maio de 2021.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Terminologia sobre deficiência na era da inclusão. Revista Nacional de Reabilitação, São Paulo, ano, v. 5, p. 6-9, 2003.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Análise das avaliações - CID

Estudo de Caso - Educação Especial